10/08/2010

Abrindo o jogo


Aurélio: velho conhecido do blog.

Alguns leitores (que bom!) têm sentido falta das minhas postagens aqui no AuAuAurélio! Abandonei o blog? Estou preparando uma reformulação? Fui chamada para trabalhar em uma revista? Estou estudando para concurso? O Aurélio não é mais o mesmo depois da castração? A experiência com o Sherlock traumatizou-me? O post anterior já havia dado as primeiras pistas do que estava acontecendo…


Confesso que minha falta de inspiração para escrever novos textos coincidiu com a vinda do Sherlock à minha casa. Mas antes que você pense que ele “arrasou” com o blog ou, antes, com minha vida, a verdade é que, após a saída do Sherlock, se ainda havia algum resíduo de inspiração, ele se esvaiu completamente... Cadê disposição? Cadê entusiasmo?

Respondendo às perguntas do início…

- Bem, o blog está meio abandonado e tem tudo para ficar ainda mais!
- Reformulação? Não mesmo!
- Fui chamada há algum tempo, sim, para trabalhar em uma revista sobre cães, mas logo desisti. Não é a minha praia: estou surfando na praia dos concursos.
- Depois da castração, o Aurélio ficou mais calmo e dorminhoco. Ele está bem.
- Quanto à experiência com o Sherlock, ficamos sim traumatizados, pois sofremos pela escolha errada da raça e, depois, pela despedida. Mas o sofrimento não foi em vão e aprendemos MUITO com isso, muito mais do que simplesmente saber que Basset Hound é um cachorro impróprio para apartamento (em NOSSA opinião).


Aurélio: vai uma bolinha aí para inspirar?

Já que sinceramente não sei se haverá um próximo post, gostaria de prestar as justas homenagens a quem mais contribuiu para a continuidade e constante melhoria do blog. No início, quando eu tinha vergonha dos meus textos, foi essa pessoa que lia, que ria e falava para eu postar mais. Quando, por qualquer razão, eu insinuava desistir, ele dizia para eu continuar pois considerava-me muito talentosa. Quando eu dizia que precisaria postar menos para estudar mais, ele dizia que postar duas vezes por semana era pouco. Quando eu não postava nada, era ele quem perguntava porque não havia postado. Mas quando eu passava tempo demais no blog, ele puxava minhas orelhas, lembrando-me de outras coisas para eu fazer na vida. De vez em sempre, eu o pegava espiando o blog, revisando os textos e vendo o que o pessoal comentava. Quando eu escrevia “Cicrano”, ele me corrigia veementemente dizendo que era “Sicrano” e que, na dúvida, eu não deixasse de recorrer ao Aurélio, digo, ao dicionário. Obrigada, Rodrigo, por ser meu APOIO. É essa a palavra: base, sustentáculo, aplauso, proteção, auxílio.

Rodrigo e eu.

Ao lado disso, foi maravilhosa a sensação de perceber que meus textos foram, aos poucos, sendo sentidos pela comunidade virtual canina. Ganhar um selinho da Camilli foi uma agradável honraria já que hoje considero o blog dela o melhor para donos de cães na internet brasileira. Receber uma tacanha menção em um dos mais populares metablogs, o Dicas Blogger? Uau! Ser citada no Mãe de Cachorro? Estava (quase) nos céus!

Faço questão de registrar o carinho especial demonstrado pela querida leitora Suelem Prigol, de Novo Hamburgo-RS. Os elogios e comentários dela assim como o de tantos outros leitores (lembro-me da Cássia e da Sandra) valem todo o esforço em escrever “digrátis”.

Leitora Suelem Prigol e sua Shih Tzu Abigail, a “Biga”.


Muito obrigada meninas e a tantos outros leitores que fizeram o AuAuAurélio! chegar onde chegou – se é que chegou a algum lugar. Fiquem à vontade para entrar em contato e postar comentários: eu e o Aurélio ainda estamos aqui no mundo real, apenas deixando o virtual um pouco de lado.


Um abraço carinhoso,

Adriana

Continue lendo >>

09/08/2010

Drama em quatro atos


ATO I

Coração falou:
- Oh… ele é tão adorável.
A razão logo interveio:
- Vamos pesquisar.



Nesse ponto, coração (C) e razão (R), que quase sempre não andam de mãos dadas, passaram a enumerar algumas características do Basset Hound. Uma de cada vez, alternadamente:
C: Olha essa carinha: orelhudo, lindo, pedindo para levá-lo para casa…
R: Ele não é muito grande para apartamento?
C: Ah… ele é baixo. Médio porte, eu diria. E… ele é doce, ótimo com crianças!


R: Sim, mas crianças só virão mais para frente. E quanto ao fato de não suportar estar só?
C: Nosso outro cão bastará a ele! E, além disso, não passamos o dia fora.
R: Mas ele não tende a uivar, o latido dele não é alto?
C: Nosso outro cão dará o bom exemplo: ele é silencioso! Em último caso, existe a coleira anti-latido à base de…


R: Ixi… ele está na 71ª posição do ranking de inteligência canina! Será que vai aprender a fazer xixi e cocô no lugar certo?
C: E daí que ele está nessa colocação? Nosso Shih Tzu está apenas uma posição na frente e aprendeu a fazer xixi e cocô no lugar certo em duas semanas!
R: Mas e o cheiro “ativo” de cachorro? Será que ele fede mesmo?
C: Ah… não deve cheirar tanto assim. E, aliás, Basset fedido é Basset estressado.
R: Hum… e essa pelagem curta, será que solta muito pêlo?
C: Os pêlos que caem são compensados pela não exigência de uma escovação diária. Veja o caso do nosso Shih Tzu, o trabalho que nos dá.
R: É… bem… deixe-me ver…
C: Ah… ele é leal, companheiro, engraçado.
R: Ok, você venceu.


ATO II

R: Será que fizemos a coisa certa? Você anotou bem o nome da tal coleira? Pode ser que precisemos importar dos Estados Unidos…
C: Que isso, você vai ver como seremos uma família, quer dizer, uma matilha feliz!
Sabedoria (S), então, que de vez em quando aparecia na história, aconselhou:
S: Estão com um filhote de Basset em apartamento? Comprem um livro de adestramento para ensinarem-no a fazer as necessidades no local correto.


Algum tempo e dinheiro depois…
R: Minha nossa, ele não aprende a fazer as necessidades no local correto! Vai ser burro assim lá naquele lugar onde Judas perdeu as botas!
C: É…bem… deixe-me ver…
Confusão (CONF) então, que é intrometida, logo sugeriu:
CONF: Se eu fosse vocês dava esse cachorro!
No trabalho, Razão se explicava:
R: É… neste momento não estou estudando muito porque estou com outros problemas, quer dizer, projetos na minha vida. É temporário, espero.


Confusão, então, intrometia-se de novo:
CONF: Se arrependimento matasse, hein?
Sabedoria veio em nosso socorro:
S: Se não quer ajudar, também não atrapalhe!
Ao chegar em casa, Razão desabafou com Coração:
R: Acho que essa foi a maior burrada que fizemos em nossa vida… O Basset, em nosso apartamento, virou nossa vida de pernas para o ar! Você percebeu? Ficamos tensos, estressados quando ele late e olha que late pouco. E o regimento interno do condomínio, que não aceita cães de grande porte? Ele está tomando demais o nosso tempo, mais tempo do que dispomos, está nos consumindo, essa é a palavra! E esse choro todas as manhãs? Mas o que mais me irrita é ele não aprender a fazer xixi e cocô no lugar certo. Já compramos dois livros, já espalhamos jornal suficiente, já compramos removedor de odores, já estabelecemos uma rotina de comida, ele tem o exemplo do Shih Tzu, nós o recompensamos, tentamos o ignorar quando faz errado, importamos até um clicker para auxiliar no adestramento… mas nada.


C: O que você quer dizer com tudo isso?
R: Estou pensando seriamente em devolvê-lo aos criadores.
Essa história é cheia de intrometidos. E não poderia faltar a Culpa (CUL):
CUL: Nossa, mas fazer isso com o bichinho, coitadinho… vocês é que são ruins, são maus, vocês é que estão cheio de problemas e colocam a culpa no pobre do cachorro. Ele não pediu para estar na casa de vocês!
Confusão (CONF) surgiu de repente:
CONF: Quem mandou? Agora aguenta que o filho é teu!
C: Vamos tentar de novo.
Razão concordou.


ATO III

R: Minha nossa, eu sabia algo de adestramento antes de ter o Basset Hound? Onde estávamos com a cabeça quando adquirimos esse cachorro? Estávamos tão apaixonados pela raça que ignorávamos seus “defeitos” como acontece quando nos apaixonamos por alguém…
Prudência (P) interveio:
P: É melhor vocês doarem o cachorro logo antes que se apeguem a ele. Quanto mais o tempo passar, mais difícil será.
Coração, que andava meio sumido da história, então, chorou copiosamente:
C: Eu não posso fazer isso com ele! E se ele não se adaptar à nova casa? Esse focinho dele é a coisa mais linda que já vi, ele é tão engraçado… Recuso-me a aceitar que posso ter interferido de forma negativa no destino dele!


R: Basset Hound: ame-o ou deixe-o.
C: Deixá-lo nas mãos de qualquer um? Mas nunca! Ou eu não me chamo “coração”!
R: Tudo bem: ame-o ou não adquira um! Com ele, não tem meio-termo. Mas já que o adquirimos, doemo-lo a quem de confiança! Farei uma cartilha com todas as informações.
C: Quanta frieza, respondeu coração aos prantos. Vamos tentar mais uma vez… ele é apenas um grande bebê…
R: 3 a 0 para você.


ATO IV

Razão e Coração sentiam-se cansados, tristes, pois os planos da família foram-se para os ares. Razão e Coração sentiam que o cachorro dava mais peso que alegria, mais desgosto do que gosto. Enquanto Razão matutava consigo mesma, Vaidade (V) deu o ar da (des)graça:
V: Agora eu quero ver! Vão doar o lindo cachorrinho que passaram horas, dias pesquisando para encontrar?
R: Vaidade, cale essa boca! Se eu continuar com esse cachorro, o que eu vou ver é mais xixi e cocô pela casa inteira! Isso sim! Me diz uma coisa: por um acaso é você que sai três vezes por dia com ele e, em casa, quando vira as costas ou acaba de acordar, tem mais xixi e cocô para limpar? É você que já gastou mundos e fundos para ensinar sem obter êxitos eficazes, é você que…
Consolo (CONS), então, entrou em cena:
CONS: Vem cá, vocês devem satisfação da vida de vocês a alguém? Alguém ousa saber o que se passa na casa de vocês? Receio que não.
Razão, então, disse a Coração:
R: É… acho que dessa vez não passa. Na realidade de nossas vidas, essa será a decisão mais sensata a se fazer. Baixemos nossas cabeças, humilhemo-nos: doemo-lo e deixemos a verdade vir à tona.
C: Porque a verdade liberta, não é?
R: É.
C: Até que ele complete um ano de vida, depositarei na conta do novo dono uma quantia referente ao valor da alimentação. Sinto que tenho um débito com o Basset e, dessa forma, sentirei-me melhor.
R: Justo. Façamos assim.

Na árdua luta travada entre razão e coração, quem venceu foi a humildade. Ela permitiu que Coração e Razão reconhecessem os próprios erros, tivessem a ousadia de visualizar alternativas e a coragem para, efetivamente, agir.


Esta história é baseada em fatos reais.  Sherlock foi doado a familiares que moram em uma casa (não apartamento), em Goiânia-GO. O vídeo sem edição, a seguir, é da casa onde o Sherlock está morando agora. Foi gravado, por minha sogra, pela câmera de um celular (perdoem-nos a qualidade da imagem).


Um guia foi preparado para auxiliar na criação do Sherlock pelos novos donos. Agradeço à minha mãe, que, em uma conversa despretensiosa – e aliás vinda de uma ligação equivocada para nossa casa -, foi uma das responsáveis por abrir caminho a uma doação consciente e, tão importante quanto, sem sentimentos de culpa. Agradeço também à Camilli, que nos serviu de agradáveis e preciosos consolos. Acreditamos (eu e meu marido) ser possível ter um Basset Hound em apartamento e sabemos que existem pessoas felizes nessa condição. As fotografias ao longo do texto retratam alguns dos felizes momentos desfrutados na companhia do Sherlock. Todavia não consideramos adequado ou ideal ter um cão dessa raça em apartamento. Desse modo, se nos perguntassem se aconselharíamos ter um Basset Hound em apartamento, NÓS diríamos um sonoro NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!

Leia também:
Qual a melhor raça para apartamento?
Abortando uma missão
Cachorro não é para ser problema

Continue lendo >>
Made in Brasília, DF, BRASIL!

  ©Template Blogger Writer II by Dicas Blogger.

SUBIR