Fotógrafo Animal
Aos 12 anos, esse paulistano teve seu primeiro contato com a máquina fotográfica e, aos 16, vendeu sua primeira foto para uma empresa de produtos de equitação. Nascido em 1974, filho do conceituado fotógrafo Marçal Duarte e de Beatriz Paiva, João Carlos Paiva Duarte – o Johnny – é o mais importante fotógrafo da cinofilia brasileira na atualidade. Formado em publicidade e propaganda, ganhou, em 2005, o Leão de Bronze, na categoria Press, em Cannes-França e, em 2006, foi finalista no Festival de Nova York e premiado novamente em Cannes no Short List. Foi convidado, em 2008, a participar da 7ª Bienal Internacional de Arte de Roma, ficando na 6ª colocação pelo conjunto da Obra apresentado. Talentoso e dono de um estilo próprio, Johnny não exibe preferências por nenhum animal ou raça quando o assunto é fotografia e revela já ter sido atacado por um cão antes de um ensaio. Em 2010, Johnny completa 14 anos de carreira como fotógrafo profissional de animais e concede uma entrevista – exclusiva – ao blog AuAuAurélio!
Como começou a fotografar animais profissionalmente?
Meu pai fotografa cavalos e eu o acompanhava desde pequeno o auxiliando nas fotos. Depois de cursar publicidade, trabalhei como diretor de arte em uma agência de propaganda, quando comecei timidamente a fazer meus primeiros clicks com cães (em 1996). No começo, nem assinava minhas fotos; depois a coisa foi crescendo e, em 2000, saí da agência para me dedicar exclusivamente à fotografia de animais.
Qual foi a maior lição deixada por seu pai, Marçal Duarte, em termos de fotografia?
Hoje, além de pai e filho, somos melhores amigos. Apesar de atualmente ele fotografar mais arquitetura e decoração do que animais, sempre compartilhamos nossas melhores imagens, trocamos experiências, enfim, estamos sempre aprendendo um com o outro.
Inspirou-se no trabalho de algum outro fotógrafo?
Quando começei, não havia nenhum outro grande fotógrafo na área. O que existia era muito caseiro e amador, mesmo os feitos por “profissionais”. Eu sabia que a minha visão iria fazer diferença no meio, pois meu estilo eu mesmo desenvolvi. Hoje vejo muitos no vácuo de minhas criações, tentando plagiar ou mesmo plagiando minhas imagens. Mas, afinal, se um Rolex possui falsificações, é sinal de que meu trabalho é bom… rsrsrs.
Já trabalhou profissionalmente como fotógrafo de outros assuntos?
Nunca, só meu pai.
Sente-se realizado com seu trabalho?
Sim, meu trabalho é sempre uma delícia… Cada dia em um lugar, cada dia um desafio diferente, aprendendo sempre. Há também a parte chata, mas que valoriza ainda mais os trabalhos gostosos.
Quais seriam os ossos do ofício de ser um fotógrafo de animais?
Calça suja, tênis sujo, pisar em cocô, sentar no chão, molhar a calça!
Com qual animal mais gosta de trabalhar?
Não tenho preferências. Rendem melhores imagens os animais mais espertos, mais atentos e expressivos.
Considera alguma raça de cachorro mais fotogênica?
Todas possuem um lado bonito. Não há nenhuma raça em especial, cada uma “encaixa” na câmera de um jeito. Cabe ao bom fotógrafo saber como “encaixá-la”.
Espera em média quanto tempo para conseguir uma boa foto de um cão e quais truques utiliza?
Em média dez minutos, mas depende do modelo. Trabalho muito o sentido dos animais principalmente audição e olfato.
Como a sua postura ou “energia” interfere na hora de tirar uma boa foto?
A principal comunicação com o animal é nossa linguagem corporal e o corpo sempre entrega o que estamos sentindo! Se sentimos medo, nossa linguagem corporal é uma, se estamos inseguros, nosso olhar nos denuncia. Precisamos às vezes fingir comportamentos para capturarmos determinadas expressões… algo sutil. Muitas vezes essa comunicação passa despercebida aos olhos de quem acompanha um ensaio, ficando restrita a olhares entre o fotógrafo e o cão.
Quais os desafios para conseguir uma boa foto?
Considero fotografar animais uma espécie de caça…você joga a isca e “atira” assim que consegue a imagem que busca. O desafio é o mesmo de uma caça: ou você vai atrás do animal ou usa iscas para atrair o bicho. Claro que o tiro vem da câmera e a única coisa que capturo são imagens. Também é preciso paciência, tolerância e calma.
O que mais o incomoda na hora de fotografar cães?
Pessoas com nenhuma ou pouca paciência. Como disse, o corpo entrega os sentimentos e os animais sentem.
Existe algum ensaio de cachorro inesquecível?
Vários! Quando Deus coloca Sua luz em minhas fotos, os resultados dificilmente são esquecidos. São imagens melhores que as minhas… rsrsrs!
Como explicaria a importância da luz em suas fotos?
Há várias maneiras de se favorecer da luz. Basicamente é saber desenhar com as sombras.
Já sentiu vontade de levar um cachorro para a casa depois de um ensaio?
Muito comum! Alguns são especiais e parecem que pedem isso com os olhos. Às vezes enxerga-se um discurso no olhar do cão e isso mexe com o coração da gente.
Já foi atacado por um cão durante um ensaio?
Durante o ensaio não, mas antes do ensaio, quando fui conhecer o cachorro (não vou dizer a raça). Eu avisei à proprietária que um ataque ocorreria e me recusei adentrar ao mesmo recinto onde o animal estava. Porém a proprietária insistiu de tal forma que, para não me passar por covarde, aceitei o convite. Após a cadela me rodear latindo, ela mordeu minha mão esquerda…
Ficou com trauma por isso?
Não houve trauma algum, antes disso já havia sido mordido.
No seu site, Foto Animal, há um espaço para se cadastrar novos cachorros que levam jeito para ser artista. O que você quer dizer com isso?
Animal desinibido para interagir com estranhos, sobre o qual se tenha um mínimo de controle e que reage bem aos cinco sentidos.
Reagir bem aos cinco sentidos?
Quero dizer um cão vivaz, que reage aos estímulos que usamos para captar suas expressões. Se mostramos um petisco, bolinha, brinquedo, ele logo se mostra disposto a “trabalhar”. Um cão bom de foto também depende do temperamento e não costumo associar temperamento à raça: conheço vários Pit Bulls com temperamento de Labrador, Poodles com temperamento de Rottweiller e por aí vai…
No site do fotógrafo Johnny, www.fotoanimal.com.br, você encontra um portfólio do trabalho, o perfil de Johnny traçado pelo crítico de arte Emanuel Von Lauenstein Massarani e pode cadastrar a foto do seu bichinho se ele levar jeito para ser artista, clicando aqui.
Para conhecer a fotografia que levou Johnny a ganhar o Leão de Bronze, em Cannes, veja no Fotosite.
Nota: Todos os direitos das imagens reproduzidas nesta entrevista são reservadas ao fotógrafo Johnny. É expressamente proibida a reprodução de imagens sem a autorização do autor. Para mais informações, acesse www.fotoanimal.com.br. Você também pode ler a entrevista com Johnny do site Dog Times.
Agradecimentos
Ao fotógrafo Johnny pela gentileza e humildade em conceder a entrevista e por autorizar a reprodução de algumas fotos no blog AuAuAurélio!
6 comentários:
Parabéns pela entrevista, Adriana. Ficou muito legal^^
Deve ser engraçado participar de um ensaio fotográfico de cachorro :P
Oi, Jane!
Q BOM q gostou!
Deve ser mt massa participar!
Bjos e obrigada!
Amei a entrevista, o blog, tudo!! Parabéns Adriana!!
Oi, Taís! Vc é nova aqui!
Q bom que gostou da entrevista!
Obrigada por seguir, comentar, participar, elogiar! Td isso é mt importante para mim e para o blog! Seja bem-vinda e volte sempre!
FOTOS MARAVILHOSAS....
nós também temos um cachorrinho lindoooo da raça lhasa apso camado bolinha!
adoramos as fotos!
um dia o bolinha ainda vai ser modelo!
hehehe!
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